MOSTEIRO DE S.ª MARIA DAS JÚNIAS

UM MOSTEIRO ENTRE SILVADOS
As ruínas do Mosteiro de Santa Maria das Júnias são um local ermo e místico, localizado a sul da aldeia de Pitões das Júnias, no noroeste do concelho de Montalegre. Estão no fundo de um vale escavado no planalto da Mourela, emergindo dos densos silvados que o revestem. O conjunto é simples e bonito, apesar de muito degradado. É o que resta de um antigo mosteiro, fundado na Idade Média, a partir de um eremitério, construído numa zona de morfologia agreste e clima destemperado. A partir do século passado, foi sendo abandonado, ruindo pouco a pouco, sobretudo após um violento incêndio que quase o destruiu totalmente.
 
Foi fundado, provavelmente, no século IX da nossa era. Diz a lenda (citada por JOÃO GONÇALVES DA COSTA, em "Montalegre e terras de Barroso", I, paginas 120 a 121) que a sua fundação foi voto de um grupo de fidalgos que andavam por aqui a caçar e, a certa altura, no tronco de uma árvore, viram uma imagem de Nossa Senhora com o Menino, sinal que tomaram como indicação para a construção de uma igreja. Há quem explique este facto, dando-lhe fundamento histórico, dizendo que a imagem religiosa teria sido escondida aquando das invasões muçulmanas, para a proteger dos infiéis. Com mais fundamento, pode afirmar-se que, no século XII, sob a protecção dos monges beneditinos galegos, do Mosteiro de Santa Maria de Osera, este local foi transformado num mosteiro, ligado inicialmente à diocese de Ourense, que integrava Osera, para passar mais tarde a pertencer ao mosteiro cisterciense de Santa Maria do Bouro, integrado na diocese de Braga. Ao longo da sua história, aliás, viria a estar ligado, quer a um lado, quer a outro. Teve, por variadas vezes, abades galegos. O seu último pároco, que não merecia o título de abade, por ser já o único habitante do mosteiro, morreu em 1850.

Nas ruínas do notável conjunto, vale a pena realçar a porta principal da igreja, tipicamente românica, com um arco de volta inteira de duas arquivoltas e um tímpano singelamente decorado. O claustro do mosteiro, do qual restam apenas alguns arcos de volta inteira, também é notável, apesar de estar muito destruído. Tal como o resto do edifício, estes arcos são de granito,
Não obstante estar muito arruinado e em completo abandono, o mosteiro merece uma visita. Fica a cerca de um quilómetro e meia de Pitões das Júnias, para sul, por um caminho de terra batida, sinalizado pelos serviços do Parque Nacional da Peneda Gerês, em cuja área se encontra. Este caminho apenas é circulável por veículos de todo-a-terreno e, em parte, a pé.